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  • Por Terapia Morfoanalítica
  • 31 de julho de 2024

O corpo reclama liberdade

O corpo reclama a liberdade - Serge Peyrot

O corpo reclama a liberdade!

A liberdade de dispor do seu próprio corpo, de ser o único dono dele, de decidir como, quando, onde, e com quem o compartilhar.O corpo evoca a memória armazenada desde o início da vida, a memória dos cuidados delicados, amorosos e adaptados, das interações calorosas e respeitosas. Mas carrega também a memória dos maus-tratos, dos abusos, das violências como também as marcas das carências.O corpo é movimento, é vida, é comunicação, abertura, expressão dos sentimentos, das necessidades.

O nosso corpo é o nosso termômetro. Ele é o principal órgão do bem-estar e do prazer.Mas está associado também a todos os tipos de sofrimentos, e manifesta as dores psíquicas, conscientes ou inconscientes, em forma de somatizações.Não esquecer que a capacidade de somatizar é uma função natural e sã de um corpo que funciona bem. Para evitar a cronicidade ou agravamento dos sintomas, precisamos simplesmente ajudar a colocar palavras nesse corpo que sofre.

Porém, é complexo integrar a correção postural com as sensações, emoções, pensamentos, imagens, lembranças…..É preciso ter um método adaptado que favoreça a liberação da memória, das emoções reprimidas, o reequilíbrio das fibras musculares e das fáscias, e a recuperação da sensorialidade, articulados com a expressão verbal dos sentimentos e das sensações.

Este processo se realiza num quadro organizado dentro de uma interação terapêutica, com um terapeuta que representa todos os objetos bons e ruins interiorizados, que assume a transferência e a utiliza como ferramenta terapêutica essencial.

Tudo começa no corpo e tudo volta ao corpo.O corpo está no centro de uma galáxia psicocorporal, conectado com todos os elementos do aparelho psíquico, com todos os aspectos da personalidade, com todos os campos, todos os núcleos, que ressoam no corpo e nos convergem a ele.

O Morfoanalista utiliza o corpo como uma “pedra de toque” (pierre de touche), lugar onde se manifesta a verdadeira essência do paciente, estimulando a reunificação e integração de todos os elementos dispersos, esquecidos, reprimidos, desconhecidos.

Este trabalho de unificação psicológica, movimento oposto ao do desmembramento, progride junto com a transformação física de um corpo mais equilibrado posturalmente, mais resistente, mais sensível, e também mais flexível e disponível.Pois o tratamento sempre está acompanhado de um trabalho essencial de descoberta e correção do esquema corporal sem o qual o equilíbrio psicocorporal adquirido não seria completo.

Na Morfoanálise o mandamento Socrático “conhece-te a ti mesmo” parte do corpo. Aprender a sentir e habitar o corpo, é um caminho simples e natural para reparar as falhas do passado e retomar o desenvolvimento do EU infantil machucado, raquítico, envergonhado, que teve que se esconder e parar de crescer para sobreviver.
 
Serge Peyrot Criador da Terapia Morfoanalítica